O artigo “A antifragilidade e as cadeias de suprimentos“, de autoria de Fernando Picasso, professor do Insper, aborda a importância das cadeias de produção e os impactos que foram causados no ciclo de produção pela guerra na Ucrânia, pela pandemia e, mais recentemente, pelo bloqueio do Canal de Suez.
Publicado recentemente na Revista Exame, o artigo mostra de que forma esses eventos impactaram a economia, ocasionando falta de produtos, escassez de matéria-prima e de insumos ou mesmo tendo reflexos no aumento da inflação pelo mundo. Como resultado desse conjunto de fatores, muitas cadeias de produção vivenciaram uma das situações que mais temem: a ruptura de gôndola.
O texto traz uma discussão interessante: o de cadeias frágeis e as antifrágeis. As primeiras são as que costumam ser mais impactadas e tendem a não se recuperar. Já as antifrágeis são as que sofrem o impacto, mas conseguem superar mais rapidamente e até se fortalecer. Esse conceito foi desenvolvido por Nassim Taleb, no livro “A Lógica do Cisne Negro”, segundo o autor.
Quais aprendizados podemos trazer para o dia a dia do nosso negócio no Supply Chain? Um deles, como mostra o texto por meio de exemplos, é que a antifragilidade está mais relacionada às decisões estratégicas do que simplesmente à sorte.
Nestes anos de experiência na área, consegui observar que o planejamento estratégico empresarial e a boa gestão financeira são essenciais para o sucesso de qualquer empresa, especialmente no setor de Supply Chain.
Nesse segmento de negócios, lidamos com centenas de variáveis e com uma grande rede de parceiros de negócios. Quando uma empresa, independentemente do tamanho e do ramo em que atua, não considera diferentes tipos de cenário, a tendência é o fracasso das operações em alguma etapa da sua trajetória.
Acredito que o momento que vivemos não é para amadorismo ou para ignorar os sinais que chegam do mercado. É verdade que em economias como a brasileira, os empresários já estão mais acostumados a vivenciar cenários adversos, com inflação alta, falta de produtos, problemas com fornecedores, entre outros impactos comuns à nossa rotina.
Mas estamos inseridos em um mundo globalizado e seremos cada vez mais impactados pelo que acontece também nos outros países. Depois da pandemia de Covid-19, não estamos livres de uma nova doença ou ameaça que possa paralisar atividades – como sempre alertam os cientistas.
Portanto, temos que ser ainda mais espartanos na gestão financeira das cadeias de suprimento se quisermos sobreviver às surpresas do mercado. Uma das medidas para isso é fugir dos financiamentos que não consideram a capacidade de pagamento, de produção ou o histórico vendas de um fornecedor.
Ao contrário, “premiam” esse parceiro com juros altos, burocracia e prazos longos de pagamento que, se não forem bem administrados, conseguem reduzir mais ainda a capacidade financeira da empresa ou mesmo endividá-la.
Muitos profissionais ainda não despertaram para a necessidade de gerir seus negócios de forma profissional. Se você é um deles, considere essa necessidade. O mercado de Supply Chain admite cada vez menos amadorismo. E, como mostrou o artigo, é preciso estar entre os antifrágeis para sobreviver.